Fique de olho em sua carteira!

Fique de olho em sua carteira

Esta historia é parte de uma verdade que durou intensos três dias na terceira maior cidade do mundo, São Paulo. Meu desejo era que ela falasse detalhadamente sobre o episódio em que minha carteira de bolso saiu dele e vai parar no vão dos bancos de numeração 23 e 24 do ônibus da empresa Reunidas, qual iria percorrer o trajeto com início em Frederico Westphalen e fim na capital paulista. Só iria. Em Chapecó o motorista avisou que teríamos que nos transferir para outro ônibus. Infelizmente não vi a cena, pois se tivesse visto não teria motivos para escrever sobre a perda, pois não teria perdido.

O texto trata-se de um único ponto de vista. Não tive tempo para perceber os outros tempos passando. A única mensagem que poderá acrescentar aos outros pontos de vista que se formarão depois da leitura é para que você fique de olho em sua carteira.

Primeiro minutos em São Paulo, sem a carteira...

Estava eu e minha companhia no quiosque do terminal rodoviário de Chapecó, quando, olhando para os olhos do senhor atrás do caixa, atrás dos óculos, e para o pacote do salgadinho de gosto enjoativo que levava em minhas mãos, dei-me por conta do desaparecimento da minha carteira (lê-se: documentos e uma quantia em dinheiro). Estava lá para chegar a São Paulo. Pensei em desistir quando a ligação que retornava da garagem da Reunidas avisou que nada foi encontrado. Mas segui.

"Eu anoto aqui, pra você, tem a nona DP, ali no Carandiru", disse o policial atrás do balcão, à minha frente. A parada de ônibus, na saída da rodoviária do Tiete, revelou uma confusão quando as linhas estacionavam naquela linha, o bilhete avisava o número 21. Embarcamos no ônibus 32 por indicação de uma senhora que passava pela parada, o motorista confirmou o destino, Carandiru.

Já na delegacia, por de trás da estátua de Dom Casmurro, localizada ao centro da chegada, surgiu um homem, vestindo farda e com um estranho grude na pálpebra esquerda, perguntando o nosso desejo. Depois d’eu explicar o extravio da carteira, o fardado entregou uma declaração assinada por ele, que somente falava dos objetos extraviados, não teve B.O. nenhum. Mais tarde, descobri que aquele Distrito Policial foi eleito um dos cinco melhores de todos os Distritos Policiais do mundo.

Quanto mais o tempo passava, mesmo sem documentos e com pouco dinheiro, descobri, pela minha companhia, que não havia motivos para preocupações. Devo dizer que desfrutava da companhia de uma destas universitárias militantes de teor feminista. Estávamos na metrópole para o seminário de Mídia e Democracia nas Américas, que reuniu comunicadores, jornalistas e blogeiros de todo o continente. Não falarei mais do evento.

Outros minutos, sem a carteira...

Alojados no Diretório Nacional do PT, perto da Praça da Sé, no final do cômodo, deparei-me com uma biblioteca, Marx e Lenin eram só alguns nomes. Imaginei quantos pensares viviam ali, escondidos nas páginas, que naquele momento não foram exploradas. São Paulo continua gigante e o tempo, curto. Foi embaixo da cidade, protegido, já dentro do metrô, que assisti a selva em pedra. Havia uma movimentação estranha. Dois homarões no saguão se olhavam com fúria, arriçados para o duelo, um chute, dois socos, iam seguindo quando chegaram os fardados. Não pude ficar para ver a sequencia, a porta fechou e senti a partida no solavanco do veículo.

Últimos minutos, mas com a carteira...

Foi em Chapecó, no estado catarinense, que aproveitei a parada na garagem da empresa que prestou nossa viagem, para verificar minha carteira, a extraviada. Estavam lá todos os documentos, mas senti a falta daquele 'faz-me rir'. Senti um pingo de perda dentro do alívio que me molhava. E nenhum fardado por perto. A viagem segue, e caso você, que se encontra neste ponto, queira saber mais sobre ela, procure por minha companheira, a militante, que circula pelo campus usando sotaque paraense. Pergunte seu nome e o que aconteceu na Rua Augusta.

Continuem ligados no blog.

♡ Abraços dos blogueiros ♡

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