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Estação Rodoviária: palco de muitas histórias.

Não apenas um local para embarque e desembarque de pessoas, a Estação Rodoviária é a culpada pelo encontro de diversas pessoas a todo instante. Se ficássemos ao longo de um dia observando tudo que se passa em uma rodoviária, poderíamos encher cadernos e mais cadernos com milhares de histórias, muitas corriqueiras e outras tantas extraordinárias. Mas a rodoviária não necessita estar localizada em uma grande metrópole e ter ônibus chegando e partindo a todo momento, para presenciarmos acontecimentos dignos de uma boa história.

 

E se inspirando no livro-reportagem "O Livro Amarelo do Terminal", da escritora Vanessa Barbara, reunimos algumas histórias que as rodoviárias foram palco e que nós presenciamos, ouvimos falar ou, simplesmente, criamos com a nossa imaginação.

 

Leia a seguir as nossas histórias de rodoviária, e se divirta!

 

Namorados.com

Ela estava inquieta, ansiosa e não parava de andar de um lado para o outro. Com uma fotografia de um homem alto, moreno e de olhos claros em suas mãos, a mulher observava atenta a todos os ônibus e pessoas que passavam por ela. Apesar de já ter pensado muito no assunto, ela ainda não tinha certeza quanto a estar fazendo a coisa certa.

 

O fato era que a moça, chamada Andreia, estava sentada em um banco qualquer da rodoviária de Lages, em Santa Catarina, à espera do suposto príncipe encantado. Algo aparentemente comum, não fosse que o tal homem da fotografia na verdade se tratava de Willson, uma pessoa que ela conhecera em um bate-papo pela internet há menos de três meses e que nunca havia encontrado pessoalmente.

 

Depois de meia hora sentada naquele banco, uma pontada de esperança renasce assim que o interfone da rodoviária anuncia a chegada de um ônibus de Brasília, a cidade do seu namorado virtual. Um pouco nervosa e arrumando o seu cabelo, Andreia assiste todos os passageiros desembarcarem até que um homem idêntico ao da fotografia cruza com passos rápidos, tentando ignorá-la.

 

Convencida de que era Willson e de que ele desistira de persistir naquele relacionamento, ela parte totalmente desiludida em direção a sua motocicleta, deixada logo na saída. Seus pais estavam certos, tudo aquilo não se passara de uma maluquice e perda de tempo.

 

Mas como em um passe de mágica, alguém ao longe grita pelo seu nome e, sem se conter, Andreia procura desesperada a origem daquela voz familiar. Seu olhar cruza com os olhos claros de um homem alto e moreno, Willson. Com um buquê de flores em suas mãos, o homem corre em disparada na direção de Andreia, a abraça e a beija intensamente. O momento tão esperado durou apenas algumas frações de segundos, mas pareceu ter se estendido por uma eternidade.

 

Como se não bastasse saber que o seu namorado virtual realmente existia e que ele não desistira desse sentimento, Willson entrega o buque de rosas para ela e começa a se ajoelhar enquanto procura algo em seu bolso. A rodoviária para, sabendo que algo lindo estava prestes a acontecer. “Amor, pode até parecer loucura, mas você quer casar comigo?”, pediu ele tremendo e com medo de ouvir um não como resposta. “Eu adoro loucuras, claro que sim!”, disse Andreia, se jogando em seus braços com a certeza de ter feito a coisa certa.

 

Josiane Mayer Perius.

Fiquei para Trás!

Saí com a minha mãe pela manhã, nos dirigimos ao terminal de trem, ela queria comprar tecidos em outra cidade. Embarcamos e depois de algum tempo de viagem chegamos ao nosso destino. Gostava muito de sair com ela, era bem brincalhão e aprontava muitas “marotices” como ela costumava chamar.

 

Andamos pela cidade com pressa, atrás da loja que vendia os tecidos que minha mãe estava precisando. Iriamos pegar o próximo trem de volta para casa, que sairia em menos de duas horas. Já na loja, enquanto minha mãe escolhia os tecidos, aproveitei para fazer as minhas “marotices”. Gostava de trocar os preços dos produtos.

 

Depois de escolhidos e comprados os tecidos, voltamos para o terminal de trem, tínhamos ainda alguns minutos, disse para minha mãe que iria ao banheiro e então resolvi me esconder. Minha mãe foi para a venda do terminal para comprar algumas bolachas enquanto eu estava no banheiro.

 

Quando ela retornou, eu não estava esperando no lugar em que estávamos anteriormente.E o trem já estava na plataforma de embarque. Minha mãe olhou para o trem e viu um menino entrando nele. “Esse menino apressado, já está embarcando”,  pensou ela.E foi rapidamente em direção à plataforma do trem.

 

O trem era sempre muito cheio, era difícil nos encontrarmos. Ela não conseguiu me localizar lá dentro. Já na nossa cidade, ela desceu e ficou me aguardando. Quando aquele menino que ela tinha visto entrar no trem desceu, ela se deu conta de que não era eu. O filho tinha ficado para trás.

 

Taiz Gizele Richter

“Dormimos: eu, a acordeona e Deus”

O que você faria se chegasse numa rodoviária para pegar o ônibus para casa e ela estivesse fechada? Pois bem, era uma noite fria e nem casaco ele havia levado. Depois do show precisava voltar para Santa Maria, pois tinha compromissos no outro dia. O músico havia acabado de tocar num show em Porto Xavier. “Naquele fim de mundo não tinha ônibus pra Santa Maria”, no entanto. Na volta, pegou uma carona com o chefe, já que ele morava em Santiago. No caminho, e para a surpresa do rapaz, o chefe disse que o levaria até Jaguari, cidade mais próxima de Santa Maria. “Melhor ainda, antes eu vou chegar em casa”, pensou. Mas, não foi isso que aconteceu.

 

O chefe deixou o rapaz em frente à rodoviária e “se mandou”. Você não vai acreditar, ela estava fechada. Ele em frente à rodoviária, mas sem poder fazer nada. O pavor. De repente, parou um ônibus. O moço pergunta contente: “Esse vai pra Santa Maria?”. O motorista respondeu que sim, porém que ele não poderia pegar ninguém ali, apenas deixar passageiros. E agora? O que fazer? Estava lá, o rapaz e sua gaita na dúvida de como agir. Pouco tempo depois, apareceu um senhor já de certa idade. Era o dono da rodoviária. O gaiteiro contou toda a sua história e o senhor lhe informou que o próximo ônibus para Santa Maria sairia no dia seguinte ao meio dia, mas que, para não lhe “deixar mal”, o rapaz poderia dormir na rodoviária naquela noite.

 

Era uma noite fria e o rapaz não havia levado nenhum casaco. Estava em uma cidade desconhecida e não havia ônibus para voltar pra casa. Passaria a noite dormindo num banco duro e antigo de rodoviária, se cobrindo com alguns paninhos que usava para limpar sua gaita. “Poderia ser pior”, disse ele. “Dormimos: eu, a acordeona e Deus. Tudo certo”.

 

Cleusa Jung.

 

Da série: seria cômico se não fosse trágico.

“Resolvi que iria pra casa, fiz a mala e fui até a rodoviária de Frederico Westphalen pegar o ônibus. Eu teria que me deslocar até Tenente Portela para trocar de ônibus e finalmente ir até Três Passos. Estava muito cansada e acabei pegando no sono. Dormi um pouco mais do que esperava, a ponto de que quando acordei, avistei pela janela as torres da catedral de Frederico. Demorou até eu entender que havia ido e voltado no mesmo ônibus e que agora não teria mais como ir para casa. Sabendo que não tinha outra opção, a não ser descer daquele ônibus e ficar por Frederico Westphalen, desci e fui em direção ao motorista perguntar como ninguém percebeu que eu dormia no onibus. Ele confessou que fora um erro e alegou que o cobrador deveria ter me visto, já que é ele quem controla a descida e subida de pessoas. Agora já estava feito. Incoformada, fui em direção ao bagageiro pegar meus pertences. Surpresa. Minha mala não estava lá. Imaginem o meu desespero e indignação: como eles descarregaram uma mala sem saber de quem era, pra onde iria e sem identificação? Liguei para os responsáveis. O máximo que poderiam fazer, disseram, era mandar a mala de volta quando ela chegasse em Três Passos (sem mim, é claro). Detalhe: essa linha de ônibus sequer coloca aqueles etiquetas na bagagem, ou seja, se você não souber identificar sua mala, ninguém o fará. E pior: qualquer um poderá dizer que é dono da sua bagagem. Enfim, não é só pelo fato de eu estar sem minhas roupas, minha câmera fotográfica e meu notebook, mas eu me pergunto: Cadê a segurança? Estou indignada e espero que isso nunca aconteça com vocês. Oremos para que minhas coisas estejam intactas.
P.S.: Tentei registrar um B.O. mas o plantonista alegou que não poderia fazer o registro porque estava fora do expediente "normal" e que o atendimento noturno é só para casos graves. Ou seja: minha mala com objetos valiosos dentro extraviada por aí não é nada grave, pelo menos para eles. 
Tenham uma boa noite, já que a minha não vai ser kkkkkk".

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